Paulo Henrique Ganso, o maestro dos Meninos da Vila
Logicamente, pela campanha excelente, o Santos mereceu a conquista do Campeonato Paulista. O time teve o melhor ataque da competição desde 1996, com média de 3,13 gols por partida. Foram 72 gols no total. Além disso, a arte esteve presente neste time e muitos dos gols tiveram uma plasticidade que não se via há muito tempo no futebol brasileiro. O título coroou o time que resgatou o futebol arte.
No entanto, nesta final, somando-se os dois jogos, o Santo André foi melhor e o Santos, quando esperava-se que fosse consolidar seu magistral futebol apresentado até então, foi envolvido por uma equipe taticamente muito bem armada e que também contou com jogadores de muita criatividade. O futebol do Santo André teve beleza e eficiência e deixou muitos de queixo caído. No placar agregado das duas partidas houve um empate em 4 a 4. Não fosse pela campanha o Santos correria sérios riscos de perder o título na prorrogação ou nos pênaltis.
O Santos não aguentou o Santo André na bola. Teve que fazer cera, segurar a partida, pois a falta de maturidade de quem não se esperava, como dos experientes Leo, Marquinhos e Roberto Brum, expulsos tolamente, prejudicou extremamente o time da Baixada. A maturidade, então, ficou por conta dos garotos Paulo Henrique Ganso e Neymar que mais uma vez fizeram a diferença.
Enquanto Neymar marcou dois belos gols, Paulo Henrique Ganso, que deu uma passe antológico de calcanhar no segundo gol, foi o grande mentor do time. O camisa 17 - ontem não jogou com a 10, pois Giovanni, seu conterrâneo que foi relacionado para a partida para comemorar o título, estava no banco - teve uma atitude jamais vista ou muito rara no futebol. Após a expulsão de Roberto Brum o técnico Dorival Junior chamou desesperadamente o zagueiro Bruno Aguiar para recompor o sistema defensivo. O escolhido para sair seria Paulo Henrique Ganso. Seria, pois o craque santista, bateu no peito e disse: "Eu não. Daqui não saio. Deixa pra mim que eu seguro lá na frente" e com isso saiu André, que entrara no lugar de Robinho, que aliás até o momento é um mero coadjuvante no time dos Meninos da Vila.
Mais uma vez Dunga teve provas de que será uma grande besteira deixar de fora Neymar e Paulo Henrique Ganso. Eles marcam gols, dão belos dribles e passes, sem se intimidar com as caras feias e broncas dos zagueiros.
No confronto em que os experientes jogaram mal e foram inocentes e o técnico não teve pulso para manter o 4-3-3 - esquema que vinha fazendo do Santos o melhor time do Brasil - os meninos tiveram que virar homens e fazer a diferença, segurar a bronca.
O Santo André mostrou que o Santos não é tão imbatível assim. Dorival Junior tem lições a tirar deste confronto. A principal delas é que ele não deve fazer do time que estava encantando um time comum. Na quarta-feira a equipe enfrenta pela Copa do Brasil em casa o Atlético-MG, campeão mineiro, comandado por Vanderlei Luxemburgo, que mesmo tendo feito um trabalho ruim no Santos no ano passado, conhece o time, e que na primeira partida em Belo Horizonte venceu por 3 a 2. Se o Santos for o mesmo da final do Paulistão, corre grandes riscos de ser eliminado.
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