O gigante da Internet Google divulgou em seu blog nesta terça-feira, dia 12, que sua estrutura corporativa sofreu um ataque virtual. Este ataque não teria qualquer importância (uma vez que a empresa recebe ataques bastante frequentemente) se não fossem características muito particulares em sua execução. No post de David Drummond, Vice-presidente sênior de Desenvolvimento Corporativo e diretor jurídico do Google, o ataque é descrito como "altamente sofisticado e específico".
Alguns dos alvos principais dos ataques eram contas do Gmail (serviço de e-mail oferecido pelo Google) de ativistas políticos chineses e defensores dos direitos humanos no país. Este ataque marca o fim da conivência do Google com a censura à liberdade de expressão na China, ou seja, o domínio chinês do site (Google.cn) não mais censurará resultados como fazia desde 2006.
O Atuali-zc realizou uma tradução do pronunciamento :
"Uma nova postura em relação à China
Como muitas outras organizações bastante conhecidas, nós encaramos ataques cibernéticos de graus diferentes regularmente. Na metade de dezembro, nós detectamos um ataque altamente sofisticado e específico em nossa estrutura corporativa originado da China, que resultou no roubo de propriedade intelectual do Google. Entretanto, rapidamente ficou claro que o que primeiramente parecia ser apenas um incidente de segurança - apesar de ser significativo - era algo bem diferente.
Antes de tudo, este ataque não foi somente ao Google. Em parte de nossa investigação, descobrimos que pelo menos outras vinte grandes companhias de uma grande gama de negócios - incluindo setores como o de Internet, finanças, tecnologia, mídia e de química - foram similarmente marcados. Nós estamos no processo de notificar estas companhias, e estamos também trabalhando com as autoridades americanas relevantes.
Em segundo lugar, temos evidência que sugere que um objetivo primário dos realizadores do ataque era acessar contas do Gmail de ativistas chineses de direitos humanos. Baseando-nos em nossa investigação até o momento, acreditamos que o ataque não alcançou este objetivo. Apenas duas contas do Gmail parecem ter sido acessadas, e esta atividade se limitou a informações sobre as contas (tais como a data que a conta foi criada) e assuntos dos e-mails, em vez do conteúdo dos e-mails em si.
Em terceiro lugar, em parte desta investigação, mas independentemente do ataque ao Google, descobrimos que as contas de dezenas de usuários dos E.U.A., China e Europa que são defensores dos direitos humanos na China parecem ter sido rotineiramente acessadas por terceiros. Essas contas não foram acessadas por nenhuma brecha de segurança do Google, mas mais possivelmente através de phishing (ato de requisitar informações pela Internet através de falsas pretensões) ou malware (programa malicioso instalado no computador de um usuário, na maioria dos casos sem o conhecimento do mesmo).
Nós já usamos informações conseguidas a partir desse ataque pra criar avanços de infraestrutura e arquitetura que melhoram a segurança para o Google e para nossos usuários. Em termos de usuários individuais, aconselhamos as pessoas à usar programas de anti-vírus e anti-spyware de reputação em seus computadores, à instalar patches (correções de programas de computador baixadas da Internet) para seus sistemas operacionais e à atualizar seus navegadores. (...) (aqui seguem algumas outras recomendações de segurança e os seguintes links sobre este mesmo assunto) (...).
http://googleblog.blogspot.com/2009/11/next-steps-in-cyber-security-awareness.html
http://www.uscc.gov/researchpapers/2009/NorthropGrumman_PRC_Cyber_Paper_FINAL_Approved%20Report_16Oct2009.pdf
http://www.nartv.org/
http://www.scribd.com/doc/13731776/Tracking-GhostNet-Investigating-a-Cyber-Espionage-Network
Nós tomamos uma decisão incomum ao compartilhar a informação sobre estes ataques com uma ampla audiência não somente por causa das implicações de segurança e de direitos humanos daquilo que desenterramos, mas também porque essa informação chega ao coração de um debate global muito maior sobre liberdade de expressão. nas duas últimas décadas, os programas chineses de reforma econômica e a aptidão empreendedora de seus cidadãos ergueram centenas de milhões de chineses para fora da pobreza. De fato, essa grande nação está no coração de grande parte do progresso e desenvolvimento econômicos no mundo hoje.
Nós lançamos o Google.cn (Google chinês) em janeiro de 2006 na crença de que os benefícios da ampliação do acesso à informação ao povo da China e uma Internet mais aberta compensavam nosso desconforto em concordar com a censura de alguns resultados. Na época deixamos claro que "nós iremos monitorar cuidadosamente as condição na China, incluindo novas leis e outras restrições em nossos serviços. Se determinarmos que somos incapazes de alcançar os objetivos destacados, não iremos hesitar em reconsiderar nossa postura em relação à China".
Esses ataques e a supervisão que eles descobriram - combinados com as tentativas de limitar ainda mais a liberdade de expressão na Web durante o ano passado - nos levaram a concluir que devemos rever a possibilidade de realização de nosso negócio na China. Decidimos que não mais queremos continuar a censurar nossos resultados no site Google.cn, e portanto durante as próximas semanas estaremos discutindo com o governo chinês sobre a base sobre a qual poderemos operar um mecanismo de busca não-filtrado dentro da lei, isso se pudermos. Reconhecemos que isso bem pode significar o encerramento do Google.cn, e potencialmente nossos escritórios na China.
A decisão de rever nossas operações de negócio na China foi incrivelmente difícil, e sabemos que ela terá consequências com potencial de longo-alcance. Queremos deixar claro que essa ação foi motivada por nossos executivos nos Estados Unidos, sem o conhecimento ou envolvimento de nossos empregados na China, que trabalharam de maneira incrivelmente dura para tornar o Google.cn no sucesso que é hoje. Estamos comprometidos em trabalhar responsavelmente para resolver as questões muito difíceis levantadas por nossa decisão.
Postado por David Drummond, Vice-presidente sênior de Desenvolvimento Corporativo e diretor jurídico."
(pronunciamento original em inglês)
A secretaria de Estado americana, Hillary Clinton, redigiu um breve texto no site do departamento de Estado americano em resposta ao assunto.
"Fomos informados pelo Google sobre estas alegações, que levantam questões e preocupações muito sérias. Nós esperamos do governo chinês uma explicação. A habilidade de operar com confidência no espaço cibernético é crítica em uma sociedade e economia modernas. Eu estarei realizando um pronunciamento na próxima semana sobre a centralidade da liberdade na Internet no século 21, e teremos comentários adicionais sobre esse assunto conforme os fatos se esclareçam".
(Texto original em inglês)
Agora cabe esperar os desdobramentos destes pronunciamentos que, sem dúvida, não serão pequenos, uma vez que o debate envolve o maior gigante da Internet, e a maior potência econômica mundial em ascensão. Continue acompanhando o Atuali-zc para mais informações.
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